Richard Dawkins, o mais influente cientista da evolução contemporâneo, não é exatamente um tipo conciliador. Outros livros seus, como O gene egoísta e A escalada do monte Improvável, marcaram época não só pela força expositiva, mas antes de tudo pelas polêmicas que suscitaram. Neste O relojoeiro cego - obra que se tornou clássica tão logo foi lançada, em 1986 -, a verve e a paixão são as mesmas; variam, entretanto, o ângulo de abordagem e o tom do argumento.
Desta vez, não se trata apenas de expor a coerência interna e as bases empíricas do darwinismo. Dawkins não quer pregar aos já convertidos: quer conquistar novos adeptos para o evolucionismo e, mais amplamente, para o pensamento científico. Para tanto, há que desfazer duas confusões.
Primeiro, Dawkins mostra que o darwinismo não é uma teoria do acaso "cego", uma vez que não procura explicar o surgimento dos seres vivos por meio do acúmulo de casualidades favoráveis. Ao contrário, a seleção natural é tudo menos aleatória: a sobrevivência é um jogo árduo, de regras estritas e definidas. Desmonta-se então a alternativa tendenciosa "acaso versus designio divino", proposta pelas várias versões do criacionismo.
Em seguida a essa desmontagem, o autor enfrenta a tarefa mais delicada: desfazer o mal-estar que o binômio básico da moderna síntese de darwinismo e genética - pressão seletiva e mutação gênica - costuma causar a tantos leigos. De fato, haverá modo de conciliar a aparente magreza conceitual com a pujança e a variedade do mundo natural? Será possível professar o darwinismo sem perder a admiração que a complexidade dos seres vivos sabe nos causar?
Desta vez, não se trata apenas de expor a coerência interna e as bases empíricas do darwinismo. Dawkins não quer pregar aos já convertidos: quer conquistar novos adeptos para o evolucionismo e, mais amplamente, para o pensamento científico. Para tanto, há que desfazer duas confusões.
Primeiro, Dawkins mostra que o darwinismo não é uma teoria do acaso "cego", uma vez que não procura explicar o surgimento dos seres vivos por meio do acúmulo de casualidades favoráveis. Ao contrário, a seleção natural é tudo menos aleatória: a sobrevivência é um jogo árduo, de regras estritas e definidas. Desmonta-se então a alternativa tendenciosa "acaso versus designio divino", proposta pelas várias versões do criacionismo.
Em seguida a essa desmontagem, o autor enfrenta a tarefa mais delicada: desfazer o mal-estar que o binômio básico da moderna síntese de darwinismo e genética - pressão seletiva e mutação gênica - costuma causar a tantos leigos. De fato, haverá modo de conciliar a aparente magreza conceitual com a pujança e a variedade do mundo natural? Será possível professar o darwinismo sem perder a admiração que a complexidade dos seres vivos sabe nos causar?